Um dos maiores galãs da história das telenovelas brasileiras, Francisco Cuoco morreu nesta quinta (19), aos 91 anos, após ficar 20 dias internado no Hospital Albert Einstein, em São Paulo (SP). O ator, que estava longe das novelas desde uma breve participação como ele mesmo em Salve-se Quem Puder, em 2020, não conseguiu realizar um desejo que deixou expresso em entrevista concedida no ano seguinte.
De origem humilde, Cuoco trabalhou com o pai numa feira e abandonou o sonho de ser advogado quando se apaixonou pela dramaturgia. Após estrear no teatro, ingressou na televisão em 1957, no Grande Teatro Tupi. Se tornou galã de novelas da Record e da Excelsior na década seguinte, ficando marcado por ter protagonizado Redenção (1966), a novela mais longa da história da televisão brasileira, com quase 600 capítulos. Cuoco estreou na Globo em Assim na Terra como no Céu, em 1970. A consagração veio em 1972, quando protagonizou a primeira versão de Selva de Pedra, ao lado de Regina Duarte. Depois, ainda esteve em tramas como O Semideus (1973), Pecado Capital (1975), Duas Vidas (1976), O Astro (1977), Os Gigantes (1979), Sétimo Sentido (1982), O Outro (1987), Lua Cheia de Amor (1990), O Salvador da Pátria (1989), Deus nos Acuda (1992) e a segunda versão de Pecado Capital (1998).
Já veterano, ainda teve papéis de destaque em tramas como Da Cor do Pecado (2004), América (2005), Cobras e Lagartos (2006), Passione (2010) e Sol Nascente (2016), que acabou sendo seu último papel fixo no gênero.
O ator diminuiu sua presença na telinha à medida que os problemas de saúde foram se acumulando, com idas e vindas no hospital nos últimos meses.
Mais recentemente, o ator morava com a irmã e era acompanhado por duas cuidadoras. Pesava cerca de 130 quilos, tinha dificuldades de locomoção e já não conseguia mais ficar de pé sozinho. Seu estado de saúde também se agravou por conta de um ferimento que infeccionou.
Em entrevista concedida a Pedro Bial em março de 2021, ele falou sobre sua luta contra a depressão, que se agravou durante a pandemia de Covid-19.
“Devagarinho, com ajuda dos filhos, eu fui me recuperando. Acho que hoje em dia estou bem melhor”, contou.
Posteriormente, em live com Felipeh Campos, o astro falou sobre as dificuldades de locomoção que estava enfrentando.
“Eu tive um problema lombar, não sei como foi surgindo. Eu comecei a mancar. Eu tenho uma dificuldade de locomoção”, enfatizou.
Contudo, ele também disse que gostaria de voltar às novelas, o que, infelizmente, acabou não acontecendo.
“Eu gostaria de em algum momento estar fazendo novela novamente. Acho que ainda tenho o vigor pra isso”, concluiu
No início de junho, o ator foi homenageado pela Globo através do programa Tributo, que acabou se tornando sua última aparição na televisão.
“Eu não senti a passagem do tempo, porque eu sempre trabalhei muito, sempre trabalhando muito, muito, muito. Era teatro, era televisão, eram uns comerciais. Foi muita coisa que eu não percebi, sinceramente, os 60, os 70, os 80. E agora aos 90, eu recebo novamente a TV na minha casa, lindamente, e fico contente em rever esse ambiente”, declarou o ator, visivelmente emocionado.
Por Thell de Castro – Na Telinha