Milton Nascimento recebeu o diagnóstico de Demência por Corpos de Lewy (DCL), a terceira forma mais comum de demência. A informação foi confirmada por seu filho e empresário, Augusto Nascimento, em entrevista à revista piauí. Segundo ele, o cantor começou a apresentar mudanças no comportamento logo após momentos de grande celebração em sua carreira.
No início de março, Milton foi homenageado pela Portela no Carnaval carioca e também participou do lançamento do documentário “Milton Bituca Nascimento”, dirigido por Flávia Moraes. Pouco tempo depois, mudou-se para uma casa térrea com vista para a Pedra da Gávea. Mesmo em uma fase de conquistas, o filho notou sinais de preocupação.
Augusto contou ao jornalista João Batista Jr. que Milton passou a demonstrar esquecimentos, perda de apetite e um olhar fixo em determinados pontos. Além disso, repetia histórias em pouco tempo, algo incomum para quem sempre relatava longas memórias. Diante disso, chamou o médico Weverton Siqueira, que acompanha o cantor há dez anos.
Após realizar testes clínicos, o profissional identificou um declínio cognitivo preocupante e solicitou novos exames. “Quando vi que o meu pai apresentava uma piora brusca no quadro cognitivo, perguntei ao médico se seria uma loucura fazer uma viagem de motorhome com ele pelos Estados Unidos”, disse Augusto à piauí. O médico respondeu que aquele seria o momento ideal.
Viagem para os EUA marcou Milton Nascimento
Em maio, pai e filho embarcaram em uma jornada de 16 dias. Eles partiram de Dallas, no Texas, onde assistiram a um show de Paul Simon e encontraram o músico após a apresentação. No dia 9, alugaram um motorhome em Phoenix, no Arizona, e iniciaram uma rota de 4 mil km passando por Utah, Idaho, Wyoming e Montana.
Durante o trajeto, Milton escolhia as músicas que embalavam o caminho, incluindo vários álbuns dos Beatles. “Meu pai sempre viajou do meu lado, como copiloto”, contou Augusto. Ao voltar, o cantor falava da experiência com entusiasmo. “Meu pai contava para todo mundo como se tivesse sido a melhor coisa da vida dele”, relembrou.
Augusto foi adotado oficialmente por Milton em 2017. Ele ressaltou a importância do vínculo entre os dois: “A nossa relação só se consagrou e se consolidou porque eu tinha a mesma lacuna de vida: eu não tinha um pai, ele não tinha um filho. Havia espaço para ele na minha vida, e na vida dele para mim”. O diagnóstico definitivo chegou semanas depois da viagem.
A DCL gera degeneração e morte de células nervosas cerebrais apresenta sintomas semelhantes ao Alzheimer e ao Parkinson, o que explica a avaliação médica anterior de Milton. O cantor se aposentou dos palcos em 2022 com a turnê A Última Sessão de Música. Mesmo assim, seguiu ativo, participando de álbuns e gravando músicas ao lado de artistas como Esperanza Spalding.
Fonte: ofuxico